terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A força de um sorriso


A era contemporânea trouxe diversos avanços à humanidade – ou pelo menos à boa parte dela, que tem acesso a tais conquistas.
Da praticidade propiciada pelos meios de transporte às possibilidades legadas pelos meios de comunicação e informação, como internet, celulares e Ipads, passando pelos avanços da medicina e da ciência, que descobrem curas para doenças e ampliam as expectativas de vida ao redor do mundo, da cultura, cada vez mais disseminada e útil na formação de pessoas mais atentas – e tolerantes – aos costumes e características de outros povos, é possível perceber que a vida transcorre, para a maioria, sem os grandes desafios de outrora (viver à luz de velas; aguardar dias para receber notícias vindas de outros continentes; morrer de tuberculose aos 30 anos; caminhar quilômetros para chegar ao trabalho ou escola).
Entretanto, a sociedade como um todo, em diversos sentidos, ainda mostra-se imperfeita, por conta, entre outros motivos, de competitividade extrema, desigualdade social e valorização das aparências. Questões que costumam afastar as pessoas umas das outras. Irritá-las. Que muitas vezes impedem que se vejam como seres semelhantes, filhos do mesmo Deus. Irmãos, enfim.
Faço o preâmbulo para lembrar uma história que li em um jornal espírita alguns anos atrás, e que falava da força de um sorriso. Tratava de uma experiência vivida pelo escritor Antoine de Saint-Exupéry, autor, entre outros, de “O Pequeno Príncipe”. Ela é mais ou menos assim:
O francês, que lutou na Segunda Guerra Mundial como piloto de avião, certa vez foi preso pelos nazistas, se não me engano na Espanha. Jogado na cela, ensopado pela chuva e pelo suor, ele tremia de frio e de medo. Tinha certeza que seria morto. Ato reflexo, procurou um cigarro perdido em seus bolsos e o encontrou. Porém, não tinha fósforos. O carcereiro, percebendo o movimento, levantou-se de sua cadeira para acender o cigarro do prisioneiro.
No momento em que cruzaram olhares, Saint-Exupéry sorriu. De uma maneira tão espontânea, faísca instantânea, que o carcereiro também sorriu. Reconheceram-se. Perguntaram sobre seus filhos. Mostraram fotos guardadas na carteira. Perceberam-se semelhantes no sentimento. Então, sem palavras, o carcereiro abriu a cela, levou Saint-Exupéry através da floresta, deu-lhe algum dinheiro e o deixou em um lugar seguro, para depois voltar ao seu posto.
No horror da desumanidade da guerra, o espírito falou mais alto. O ser humano saiu vencedor. Na força de um sorriso, Deus mostrou sua face linda. Que esse exemplo possa nos inspirar. Sempre.